Luminosidades.
Segue a voz acesa, difusa,
a flecha.

Ana Buk
Rima de Arcano
Louco, Imperador, Lua

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adcbuk
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fevereiro 15, 2021
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5:49 pm
Louco, Lua, Imperadador: Rima de Arcano
Te falei amiúde de um sentir abstrato
Da jornada que existe em cada casa
Do espelho que mora em teu retrato
Que muda de nome e avança sem mapa
Na dificuldade do tabuleiro
Quando Louco decifrou a entrega
Quando Imperador visitou a coragem
Quando Lua aprendeu pela dor
Nas quadras do sonho se fez a partilha
O fluxo dos passos escada ou abismo
Gradações que teu foco analisa
A imensidão de dentro único destino
Uníssono e avante o movimento da vida
O Espaço de Fora
Lua, Sonho e Prata
O Espaço de Fora e Tua Órbita

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adcbuk
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fevereiro 7, 2021
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3:16 pm
Lua, Sonho e Prata
O Espaço de Fora e Tua Órbita
Sonhei, na brevidade da noite, que adormeci nos braços da Lua, aninhada em seus cabelos de prata. Sua face retraída vigiava o sono enquanto de mim transbordava água profunda de mar, oceano. Na brevidade da noite, adormecida nos braços da Lua, sonhei com sua órbita, e nela habitava eu perpetuamente o apolúnio.
O fio de prata, cabelo da Lua onde me aninhara, era o que restava entre meu corpo celeste e o teu. Meu sonho satélite foi o preâmbulo do dia e se seguiu lunar, semicírculo. Meus olhos brilhavam ainda o sumo da noite, criaturas vivas, ecos do sonho. Os espelhos refletiam o firmamento e as nuvens que vinham de ti, longas e baixas, se apressam a dominar os quartos de meu pensamento.
É sob esse céu de entregas que meu corpo vacila. De olhos ampliados te enxergo claramente, todo detalhe e peso, poço gravitacional e magnitude aparente, o brilho de tudo que somos, magnitude absoluta, fio de prata, Lua e água; nos observamos em silêncio que fala.
O perilúnio da órbita inevitável.
Meu exagero, oceano profundo, como manto da abundância que garante o funcionar da Física de Grandiosidades. Meus olhos que amplificam te alcançam e tocam urgentes tua tez de nuvem. Tua urgência me toca de volta na abóbada, nos quartos inundados, no centro íntimo de tudo que arde.
No espaço breve da noite, semicírculo do dia, teu rosto estava ali, real, do outro lado do Atlântico.
Ascenção
Mar, Luminosidade, memória

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adcbuk
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fevereiro 7, 2021
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3:15 pm
Mar, luminosidades, memória: Ascensão
Meu peito se refaz em flor ao toque do seu olhar.
Quando te vejo, rapidamente alcanço o ápice, cômodo do alto, jardim das alturas. As palavras vem em trindades, rima que ativa sigilos, memórias preservadas na disciplina da terra. Você guardou relicários, singelos fragmentos da palavra, numerologia e datas. Do vão de seus dentes escorreu o passado que encontrou meu peito aberto, domado. A sede por teus olhos não cessa, não passa essa fome por teus poros e cachos, teu sono, teu centro que conheci aos poucos e cada vez mais.
Eu te observo, longínquo, na distância do mar e o mar te entrega em ondas, progressões, espuma vidente. Me seguro no eco do beijo, na aurora que te encontrou em minha cama, na música de sua chegada. Eu te digo luminosidades, testando o vocabulário que te aproxima, convocando o círculo, o arco. Todo artifício e liturgia para aproximar teu corpo; te guiar as mãos, me toque aqui, me experimenta ali.
Segue a voz acesa, difusa, a flecha.